quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Fenómeno da Cibercultura - ESR

Antes de mais nada, é importante definir alguns conceitos chave para a "construção" da Cibercultura.
Assim, é importante destacar o conceito de Ciberespaço, que nas palavras de P. Levy é : "meio de comunicação que surge da interconexão mundial (...) não apenas as infraestruturas (...) mas também o universo (...) de informações disponíveis, bem como os seres humanos que interagem e alimentam esse universo", pois, na medida em que as tecnologias favorecem novas formas de acesso e velocidade de partilha, essas mesmas formas (ferramentas) potencializam a criação de uma memória dinâmica (uma inteligência "grupal"), decorrente de novas formas de pensar, agir e sentir, através desses acessos, trabalhos e partilhas cada vez mais rápidos e abrangentes, sendo (também) que, as pessoas (seres humanos, e não só, pois cada vez mais comunicamos e interagimos com "bots" e/ou ferramentas online que embora programadas por humanos, não representam diretamente uma interação humana, per si), são "plenos" elementos (constituintes) do sistema (Ciberespaço) em que estão integrados.
É também por isso, importante salientar que o conceito de Cibercultura, nas palavras de P. Levy é: "o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, atitudes, modos de pensar e valores que se desenvolvem conjuntamente com o crescimento do Ciberespaço", tornando-se (de acordo com as def.) impossível de dissociar os conceitos um do outro (sendo interdependentes e coadjuvantes), sendo óbvio que o Ciberespaço "fornece" as bases, enquanto que através da Cibercultura , se constrói, isto é, se desenvolve , se enriquece, "correspondendo à globalização concreta das sociedades", que se reinventam, auto-orientam, criando um raciocínio coletivo, tal como uma memória coletiva, que alavancada pela estrutura, possibilita a troca (permanente) de informação, de materiais, de conceitos, de discussão (dezenas, centenas, milhares de milhares todos os dias, crescendo a cada dia), conseguindo com esse fato uma abrangência, uma "qualidade" de raciocínio cada vez maior, mais global, mais efetivante, para essa (s) discussão (gerada continuamente).
Assim, a Cibercultura é uma (cada vez) maior realidade , sobre a qual teremos pouco ou nenhum poder de controlar, isto é, sendo ela uma "entidade" global com "vontade" própria (conferida, não pelo individuo, mas sim pelo conjunto de utilizadores do Ciberespaço, totalizando a Cibercultura), tendo o seu próprio conjunto de valores, práticas atitudes e modos de "pensar" que lhe são conferidos pelos utilizadores/produtores de informação/pontos de vista, actuanco (quase) como um organismo vivo.
O Ciberespaço enquanto elemento base [para a Cibercultura - entidade produtora] sustenta toda uma miriade de elementos de suporte para a Cibercultura.
Pois a Cibercultura constitui um conjunto (infinito?) de problemas, conflitos que não podem ser respondidos de forma linear, mas que geram "discussão" entre os utilizadores/indivíduos, sendo em si mesma (a Cibercultura), produtora/receptora de "forças", conhecimentos e comunicações.
A Cibercultura, dadas as (constantes) evoluções tecnológicas, mas também de "utilizadores"cada vez mais preparados, acaba por ter um "transbordamento caótico de informações, uma inundação de dados (...) decorrentes das diferentes formas de comunicação" .
É por isso importante reter que a Cibercultura, enquanto entidade (é como um Ser vivo), "alimenta-se e cresce" dos inputs (informação) gerada pelos utilizadores e suas interacções mútuas (utilizador-utilizador); (utilizador-rede) ou (utilizador-rede-utilizador), gerando um sem número de informação impossível de dominar e/ou reter por cada um de nós (utilizadores), e mesmo que isso fosse possível num dado momento, no outro logo a seguir , perderíamos o "fio à meada" (devido ao constante "enriquecimento/introdução de novos inputs), pois trata-se de uma "entidade"tão abrangente (pela variedade de informação, valores, materiais presentes), mas ao mesmo tempo, disponibilizada(s) de forma completamente democratizada, pois uma vez com acesso, temos acesso a toda essa panóplia de "cultura(s)", tendo, no entanto, atenção que nunca poderemos (por incapacidade) dominar todas elas (devido à complexidade de tal tarefa).
Deste modo, a Cibercultura não é mais do que a produção/partilha/envio multidireccional (de todos para todos) na rede (de forma global), de conhecimentos, valores, informações, servindo como um complemento da vida real, da vida "não digital", adicionando valor e possibilidades de conexão mais profundas e com maiores potencialidades/enriquecimento, tratando-se portanto da transformação da cultura, numa dimensão global multifactorial e muito mais rica (com uma multiplicidade diria eu, quase infinita).

Quanto aos três exemplos, devo salientar:

  • Páginas Wiki (englobando também o universo Wikipedia) - Na medida em que são produtores de cultura/conhecimento ou a sua simples divulgação (também de extrema importância, na medida que permite "democratizar" o acesso a informação), tendo por base o trabalho colaborativo e a sua divulgação.
  • Plataforma Uab - enquanto produtores de conhecimento, mas também como receptores do mesmo, enquanto Inst. de ensino, os seus elementos, devem manter-se atualizados e "expostos" a influências internas/externas de forma a "sairem" cada vez mais enriquecidos do ambiente imersivo em que se encontram, de forma a procurarem uma cada vez maior abrangência conceptual e didática.
  • Google - Enquanto expoente máximo da cibercultura ("Se não sabes, vai ao Google!"), com caráter aglutinador, embora (na sua essência) não seja produtora, gere apontadores de pesquisa para qualquer subject.