domingo, 19 de junho de 2011

A Virtualização das Relações Sociais - Autenticidade e Transparência na Rede (ESR)

A Internet não é um lugar particularmente seguro, aliás, como o resto do mundo (real - físico).
Como na vida real aprendemos que lugares frequentar, como nos comportar, o que, e como o fazer, assim na Internet devemos ter os mesmos cuidados (se não, mais!!).
A Internet traz com ela, o perigo de exposição indevida, acesso a conteúdos ilícitos, crimes, etc, mas é (tb) uma porta de entrada de cultura, educação e de possibilidades infinitas de comunicação (conexão) em tempo real.
Temos que saber utilizar as potencialidades, protegendo-nos das vulnerabilidades/perigos existentes (tal como no mundo real-  físico), embora na vida virtual, as consequências possam ser exacerbadas exponencialmente (pela divulgação na/em rede de situações e/ou informações).
Na Internet temos de tudo, informação confiável e outra menos confiável, relações sinceras e outras "falsas", teremos sempre uma identidade.. "sincera", autêntica, real?!?... como estabelecer a sua veracidade? a sua qualidade?  - Baudrillard vê (todo) este processo como uma decadência da comunicação, pois na (exacta) medida que a comunicação aumenta, anula o "real processo comunicacional.
Mas nessa multiplicidade/esquizofrenia de comportamentos e atitudes, estabelecemos relações, atitudes, para com os outros (com quem interagimos..), com diferentes níveis de comportamentos, travões (ou não), de acordo com o "à vontade "(nível relacional estabelecido e "histórico" pessoal com os interlocutores) - tal como no mundo físico (real).
Humm.. Mundo real?!?, não serão ambos (virtual e o físico) reais, palpáveis, tangíveis, ambos são capazes de nos proporcionar interacções "reais" (é certo que com diferentes potencialidades e regras), na minha óptica ambos são realmente reais e tangíveis, bastando para isso que nós, lhe atribuamos o "valor", o "significado" - o que obviamente não acontece com todos os interlocutores, mudando somente o modo como interagimos, e o nível de familiaridade que lhes atribuímos (tal como no mundo físico).
A diferença nuclear é a "liberdade" de publicação, exteriorização de opiniões, sem (por vezes) fundamentação - na Internet, parece que o nosso Lobo Pré-Frontal deixa de realizar uma das suas (mais) primárias funções - a auto-regulação, a inibição e auto-controlo, ficando (nós) "alterados", permitindo-nos (por vezes), a escrever, publicar informação pouco fiável e/ou pouco verdadeira, tendo por isso que obter (sempre) validação externa dos materiais pesquisados e/ou consultados na Internet (p.e. Wikipedia, entre outros).
Surge outro problema, a autenticidade que nos remete concomitantemente para as redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut, Hi5, sistemas mensagens instantâneas, entre outros), em que lemos e ouvimos falar de situações desagradáveis, em que a privacidade é devassada por elementos que "supostamente" eram de confiança..
As redes sociais reflectem as relações humanas, tarefas, conflitos e emoções de uma forma por vezes exacerbada, mas que no computo geral, esta virtualização (de todos os nossos factos do dia-a-dia) nos leva geralmente a obter "ganhos" substanciais ao nível de produtividade, acesso a informação, educação e relacionamentos que até então estariam muito mais "limitados" e por isso dificultados.
Com todas as potencialidades de conexão e relação, é impossível não constatarmos a existência, cada vez mais intuitiva e célere de uma cultura, uma Cibercultura (Lévy), entendendo-a como " a forma sócio-cultural que advém de uma relação de trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-electrónicas surgidas na década de 70, graças à convergência das telecomunicações com a informática ".
Para Lévy a virtualização era o meio ideal para o desenvolvimento da linguagem, interpretando o virtual como o exercício da criatividade aumentando as relações comunicacionais. Devemos (por isso) acreditar nas inúmeras possibilidades de relação no espaço virtual.
Em contra ciclo (face a todas estas tecnologias) vemo-nos cada vez mais "individualizados", dentro de uma "concha social" que nos diminuem as interacções sociais (chamadas reais - no mundo real), sendo, cada vez mais competitivos, centrados no "eu", nos meus "interesses" e "capacidades" - tudo no mundo real - fisico.
Enquanto no mundo virtual, emancipamo-nos, por vezes sem nexo, com teias/redes de amigos/conhecidos, com actividades online cada vez mais abrangentes e exigentes.
Deste modo, o Virtual é já parte integrante da nossa vida, diria até indispensável com todos os seus problemas (segurança, autenticidade, transparência, etc), tal como no mundo real (físico) .
O Virtual é um complemento (importante) da nossa vida, sobre o qual recai boa parte das nossas relações sociais, bem como profissionais, servindo como ponte com o Real (físico), cabendo-nos a nós utilizar (com cuidado) a rede, de forma solidária e eficiente para que possamos aproveitar o que de bom nos trás (rapidez, informação, formação, interactividade, etc) transpondo os valores que nos guiam no mundo real, para esse mundo (virtual).