terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pedagogia do Elearning - O Professor Online

O papel e a actuação do professor já não é a mesma (nem o poderia ser, dadas as alterações sociais, económicas e sobretudo tecnológicas) desde há uns anos a esta parte.
Anteriormente o professor era "detentor" do conhecimento e depositava nos seus alunos aquilo que tinha estudado (a sua visão). Porém, esses conteúdos eram transmitidos para os alunos sem qualquer reflexão ou visão crítica dos conteúdos.  
Hoje, felizmente, podemos e devemos ensinar os nossos alunos a pensar, a questionar e a aprender a" ler" a nossa realidade, para que possam construir opiniões próprias.  Deste modo, o aluno pode (e deve) desenvolver um espírito empreendedor e interessado pelos conteúdos e diversas temáticas, com esta abordagem suscitaremos uma “necessidade” de aprender, pesquisar, tornando-se desse modo um ser crítico da realidade envolvente. 
Deste modo, é importante descrever sucintamente alguns modelos de organização do ensino online, Morgado (2001), neste trabalho a autora apresenta três modelos de organização do ensino (online), cada um deles centrado num dos focos essenciais de um Ambiente de Aprendizagem Virtual:

- Modelos centrados no Professor:
Estes modelos apelam à transferência das técnicas, estratégias e métodos do ensino presencial para o ensino online, recorrendo às NTIC.
Centram-se no ensino, ao invés da aprendizagem, apoiando-se num modelo de ensino baseado na transmissão de informação, adoptando as mesmas estratégias de ensino agora mediatizadas por uma ferramenta tecnológica.

- Modelos centrados na Tecnologia:
Concentram-se na ferramenta tecnológica, atribuindo um papel secundário ao professor e ao aluno, convertendo o professor num mero fornecedor de conteúdos e o aluno num mero utilizador dos mesmos.

- Modelos centrados no Estudante:
Inscrevem-se numa tendência contemporânea em que se valoriza que a instituição de ensino passe a centrar-se na figura do estudante e não na do professor, embora na realidade reflictam mais uma intenção do que uma prática. Actualmente, os modelos mais centrados no estudante baseiam-se, sobretudo, na auto-formação e na auto-aprendizagem.

Um modelo equilibrado será aquele em que cada um destes três aspectos fosse fundamental, mas sem se sobrepor aos outros dois.
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O Papel do Professor


Collins e Berge (1996) apontam uma série de mudanças nos papéis assumidos por professores e alunos quando o ensino se torna online.
Dentro das mudanças de papéis por parte do professor, podemos apresentar: 




- o professor passa de transmissor para consultor, orientador e mediador de recursos; 

- o professor torna-se um questionador eficiente em vez de uma fonte de respostas; 

- o professor propõe experiências de aprendizagem em vez de somente apresentar conteúdos; 



- o professor apresenta apenas a estrutura inicial do trabalho do aluno, encorajando o auto-direcionamento crescente; 


- o professor apresenta múltiplas perspectivas sobre cada tópico, enfatizando aspectos importantes; 

- de professor solitário ele passa a ser um membro de uma equipa de aprendizagem; 

- o professor deixa de ter total autonomia para utilizar atividades que podem ser amplamente avaliadas; 

- em vez de ter total controlo do ambiente de ensino, ele passa a partilhá-lo com o aluno como se fosse mais um aluno; 

- o professor torna-se mais sensível aos estilos de aprendizagem dos alunos; 

- há uma ruptura das estruturas de poder entre professor-aluno.


Berge (1995) sugere também que há muitas condições necessárias para um ensino online bem sucedido e agrupa-as em quatro áreas: 

- Pedagógica, 
- Social, 
- Gestão,
- Técnica. 

Destaca, no entanto, que nem todos os papéis previstos precisam ser desempenhados por uma única pessoa e, na prática, raramente o são. 


Na proposta de Berge (1995), a área Pedagógica refere-se ao papel do professor (moderador/ tutor) como facilitador educacional, que focaliza as discussões em conceitos, competências e princípios críticos. 



A segunda área - a Social - refere-se ao estabelecimento de um ambiente social amigável através da promoção de relações humanas, da valorização da contribuição dos alunos, do desenvolvimento da coesão do grupo, do incentivo ao trabalho colaborativo, entre outros aspectos. 



A área de Gestão, por sua vez, envolve os papeis de estabelecer a agenda e o ritmo da aprendizagem (objectivos, horários, regras e normas). 



A quarta e última área, a Técnica, destaca a importância do professor (tutor/ facilitador) se sentir confortável com a tecnologia e fazer com que os alunos/ participantes se sintam da mesma forma, de modo que a tecnologia se torne transparente e o aluno possa concentrar-se na tarefa académica em questão. 



Com a educação online os papéis do professor multiplicam-se, diferenciam-se e complementam-se, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade diante de novas situações, propostas e actividades.
Desta forma, ao professor cabe:

- Construir toda a experiência de aprendizagem (Estratega);
- "Animar"/Facilitar, interagindo com os alunos (motivando, integrando, acompanhando..);
- Avaliando os alunos e respectivas actividades;
- Assistência à aprendizagem, estabelecendo prioridades e objectivos a atingir;
- Estimulando a reflexão e a interacção.

Desta forma, torna-se claro que o professor tem como enfoque:

- A comunicação, dando a oportunidade à construção do conhecimento através da reflexão partilhada, e trabalho colaborativo;

- O professor precisa de dominar uma rede de saberes e de trabalho colaborativo onde prof. e alunos interagem, no sentido de construírem o seu próprio conhecimento;

- Deve proporcionar o suporte necessário para que o aluno possa gerir o seu processo de aprendizagem; 

- Relação Professor/Aluno - Conteúdos curriculares e a construção do conhecimento colectivo, que se estabelece no acompanhamento atendo a cada aluno;

- O processo de construção do conhecimento, exige (do prof.) a capacidade de estimular a autonomia do aluno, como agente da  (sua) própria construção de conhecimento;

- Estabelecer um canal fluido e flexível entre o professor e os membros do grupo;

- Dando ao aluno, a oportunidade de participação, facilitando trocas, colaboração, associações e formulações de ideias.



Referências
- Anderson, Terry (2008). Teaching in an Online Learning Context. In Anderson, Terry (Ed), Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University: Au Press (2ª Edição).

- Couros, Alec (2010). Teaching & Learning in a Networked World. Keynote na conferência Quest 2010 [Video e Slides]. Open Thinking.
http://educationaltechnology.ca/couros/1890



- Paloff, Rena & Pratt, Keith (2010). The Excellent Online Instructor [Podcast]. Online Teaching and Learning. http://www.onlineteachingandlearning.com/podcast-palloff-pratt/



- Siemens, George (16-02-2010). Teaching in Social and Technological Networks.Connectivism. http://www.connectivism.ca/?p=220



- Morgado, Lina (2001). O papel do professor em contextos de ensino online: Problemas e Virtualidades. Discursos. III Série, n.º especial, pp.125-138. Universidade Aberta. Disponível em: http://www.univab.pt/~lmorgado/Documentos/tutoria.pdf


- Mota, José (2009). Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0: Aprender na Rede. Dissertação de Mestrado, versão online. Universidade Aberta. Disponível em:http://orfeu.org/weblearning20/3_2_2_comunidade_aprendizagem


-http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo10/artigos/4bPatricia.pdf 


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